O parto no período Tudor

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A gestação é um assunto delicado até os dias de hoje. Mesmo com o avanço na medicina, ainda ocorrem alguns problemas que podem complicar bastante tanto a gestação quanto o parto.
No período Tudor a taxa de mortalidade era consideravelmente alta, principalmente entre crianças, recém-nascidos..
Veremos no artigo de hoje, um pouco mais sobre como funcionava a obstetrícia naquele período.

As mulheres no período Tudor eram em sua maioria, bastante conscientes quanto ao risco que poderia representar uma gestação. Embora tenha sido estimado que a taxa de mortalidade de mulheres ao dar à luz era de apenas 14-18 a cada 1.000 mulheres (o que seria aproximadamente nos dias de hoje em torno de 6% da população feminina na Inglaterra), este número já era alto o suficiente para que todos conhecessem alguém que tivesse falecido durante o parto.

O parto geralmente ocorria na casa da mulher, com médicos ou parteiras de confiança. Se fossem ricas, a mulher iria dispor de médicos ou mais de uma parteira, porém, se fosse pobre, o parto iria ser feito pela parteira de seu vilarejo.
Para facilitar a saída do bebê, um corte era geralmente feito em seu períneo, pela falta de esterilização do instrumento utilizado, ou até mesmo as mãos das pessoas envolvidas no parto, este era um dos grandes problemas para a saúde da mulher…

Modelo de fórceps relativamente novo aos Tudor.
Modelo de fórceps relativamente novo aos Tudor.

A imagem acima datada de 1550, serve para ilustrar um primitivo tipo de fórceps, porém eram muito novos naquele período (e supostamente, não propriamente inventados até o século XVII, de acordo com Fraser). Ferramentas anteriores eram geralmente ganchos para remover um natimorto em pedaços e, com alguma sorte, salvar a mãe. Qualquer ferida aberta corre o risco de ser infectada e isso muitas vezes levava à morte da mulher alguns dias após o parto. O caso mais famoso, provavelmente seja o de Jane Seymour, terceira esposa de Henrique VIII, morta dias após dar a luz a Eduardo VI, provavelmente de febre puerperal (devido a má cicatrização e infecção no períneo).

A Febre Puerperal, era muitas vezes transmitida via germes de médicos ou parteiras, que infectavam as mães fazendo um parto após o outro sem a devida higienização de seus aparelhos. Elas eram infectadas na maioria das vezes com o que hoje é conhecido como estafilococos que espalhavam-se no revestimento do útero. Semmelweis descobriu que a utilização de um anti-séptico antes da higienização dos aparelhos auxiliaria no parto e diminuiria a incidência da doença em pelo menos 90%, podendo atingir os 99%, mas os resultados foram profundamente rejeitados. As mulheres infectadas não tinham antibióticos para interromper os sintomas da doença uma vez que eles se iniciavam: febre, calafrios, sintomas gripais, fortes dores de cabeça, distensão do abdômen, e ocasionalmente a perda da sanidade, pouco antes da morte.

Por mais cuidadosas que fossem, as pessoas daquele período não apresentavam uma higiene muito adequada na hora do parto.
Este fato teria acarretado complicações secundárias muito mais comuns. Como Lawrence Stone apontou, três em cada quatro casamentos eram desfeitos em decorrência da morte das esposas durante ou após o parto nos séculos XVI à XIX. Outro caso Tudor famoso de morte no parto foi o da mãe de Henrique VIII e esposa de Henrique VII, morta logo após um mal sucedido trabalho de parto em 1503.

Apesar do novo matrimonio após o divórcio não ter sido oficialmente permitido, muitas famílias acabavam tendo padrastos, devido à alta taxa de mortalidade de mães e pais como enfermidades em geral, afinal, devido a medicina precária, uma doença hoje facilmente contornável com antibióticos, naquele período, era potencialmente fatal. Há casos de crianças que foram criadas por pais que não eram biologicamente relacionados a elas devido ao fato de serem filhos de cônjuges anteriores. No séculos XVI e XVII, talvez um terço de todas as crianças haviam perdido um dos pais (Stone 1977, 46). Se uma mulher fosse de uma família nobre ou abastada, ela também poderia criar filhos agregados de casamentos anteriores.

Famosas mulheres Tudor que faleceram durante o parto.
Famosas mulheres Tudor que faleceram durante o parto.

FONTES:
TUDOR WOMAN: AQUI.

1 comentário Adicione o seu

  1. Ludmilla Braga disse:

    Adoro ler os posts, principalmente relacionados à área da saúde, e este foi mais um dos queridos. Já havia lido (não lembro onde) que a causa da morte de Jane Seymour foi a retenção placentária, ou seja, a terceira fase do parto foi incompleta e não houve a “saída” íntegra da placenta ; visto que, na história obstétrica, não existem registros de que houvesse a prática do uso da episiotomia antes do século XVIII e consequentemente a infecção destas. Entretanto, as lacerações não tratadas no períneo podem, sem dúvida, ser infectadas.

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