O dia de São Valentim ou Valentine’s Day no Período Tudor

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Lendo um livro com algumas cartas de Henrique VIII para Ana Bolena, acabei tendo uma ideia para um artigo: Como seria o dia de São Valentim, ou Valentine’s Day no período Tudor!?

No livro de Alison Sim ”Pastimes and Pleasures in Tudor England”, ela descreve como os Tudors celebravam o dia de São Valentim. Ele também é mencionado três vezes nas Cartas Paston em 1470.

Aparentemente, os Valentines eram geralmente escolhidos por sorteio entre um grupo de amigos, e em seguida, tinham de comprar um presente para ele. Alison descreve como as contas do mordomo da família de William Petre, mostram tecidos, ouro e berloques sendo dados como presentes escolhidos por meio de um sorteio, e um ano, uma empregadas, teve a sorte de ter como valetine, Sir William, recebendo salários extras por todo o trimestre de seu valentim.

Obviamente, não havia maneira de saber se o sorteio, era um costume geral em todo o país, mas o dia de São Valentim, era de fato, uma maneira de divertir o povo inglês, e acalorar relações, dentro do triste período de inverno. Os ingleses eram apaixonados por passatempos ao ar livre, mas o frio inverno, impedia que essas atividades fossem praticadas, fazendo com que as pessoas tivessem de dar um jeito, de conseguirem praticar seus passatempos, no aconchego de suas casas.

Seja lá o que fosse, que os Tudors faziam para celebrar o Dia dos Namorados, você provavelmente pensou em cartões ou bilhetes românticos. Conforme disse acima, existem uma porção de cartas de amor escritas por Henrique VIII à Ana Bolena, muitas sobrevivem até hoje e encontram-se na Biblioteca do Vaticano, e sim, estão lá por um único motivo, espiões interceptavam algumas cartas e as enviavam ao Papa que desde então, sondava os bilhetes apaixonados do Rei casado, com sua amante. Eles seriam prova da relação extraconjugal do Rei, na época em que o mesmo, pedia um divórcio ao Papa, alegando ter casado-se por pecado com a mulher de seu irmão, mas isto, é assunto para outro artigo.

Vamos ler a primeira carta de amor de Henrique VIII para Ana Bolena, escrita algum tempo depois de seu retiro à Hever, após Maio de 1527: 

”O conteúdo de suas últimas cartas estão revirando minha mente, eu tenho me colocado em grande agonia sem saber como interpretá-las, quer na minha desvantagem, como você mostra em alguns pontos, ou em minha vantagem, como entendo em outros, rogo-lhe sinceramente que deixe-me saber expressamente sua opinião sobre o nosso amor.
É absolutamente necessário que eu obtenha esta resposta, tendo sido um ano e inteiro atingido com os dardos do amor, e ainda não tenho certeza se vai deixar que eu encontre um lugar em seu coração e afeição, que por um período impediu-me de chamá-la de minha amante; pois se apenas me amas com um amor comum, este nome não é adequado para você, pois denota um amor singular que está longe de ser comum. Mas por favor, se cumprir o oficio de uma fiel amante e amiga, entregando seu corpo e coração a mim, que fui e tenho sido seu mais leal servo (se seu rigor não me proíbe), eu prometo-lhe que não apenas o nome será dado a você, como também farei de ti minha única amante, rejeitando todas as outras, exceto você de meus pensamentos e afeições e servindo apenas você. Eu peço-lhe que me dê uma resposta completa para esta minha descortês carta, que me permita saber a que distância eu posso contar. E se isto não acontecer, por favor, responda-me por escrito, nomeando algum lugar onde eu possa tê-la, e irei para lá com todo o meu coração. Sem mais, por medo de cansá-la.
Escrito pela mão de quem está disposto a permanecer seu,
H. R.”

Existe também, um curioso episódio deste evento com Maria I, filha de Henrique VIII e Catarina de Aragão. Desde de menina, Maria praticava o costume de desenhar Valentine, algo como um “cartão” do dia dos namorados. Quando um Valentine era selecionado, um romance falso começava. Aos nove anos de idade, Maria escolheu seu tesoureiro da Casa Real, Richard Sydnor como seu par romântico. Em suas mensagens ao tesoureiro, Maria referia-se como “sua esposa e ele como seu marido”. No entanto Sydnor era um homem bastante doente, e encontrou dificuldades para manter este “romance”. A jovem princesa, queixou-se de brincadeira: “Vós tomar muito cuidado com sua gota … mais do que fazeis com sua esposa”.

Parecia ser um evento particularmente interessante, não!?

FONTES:
The love letters of Henry VIII to Anne Boleyn: AQUI.
Passionate Scribbles: AQUI.


2 comentários Adicione o seu

  1. Camila disse:

    Olá! Qual o nome desse livro que você citou no post?

    1. tudorbrasil disse:

      Olá Camila, tudo bem!?
      O nome do livro que eu citei, está logo acima em ”fontes”, e inclusive está linkado para que possa entrar no Amazon, e se desejar, adquirir uma cópia!=)
      Mas repetindo, é ”The love letters of Henry VIII to Anne Boleyn”.

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